quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Crises da adolescência






Seu filho vai mal na escola, não faz a lições e é completamente desinteresado?
Então vamos começar nossa conversa discutindo um pouco sobre esse momento da vida dele que é o início da adolescência e a entrada na puberdade
.
Nessa faixa etária, as mudanças que ocorrem na criança podem perturbar seu desempenho intelectual e os fracassos escolares não são raros: recusa em estudar e queda do rendimento escolar estão freqüentemente associados a essas mudanças. Escuto muito queixas como essas, de pais de adolescentes: "Meu filho mudou. Ele que era tão bonzinho, tornou-se agressivo, não quer ouvir nada, contesta tudo, acha que sempre tem razão".
Esta fase é um momento crítico em que a criança sai da infância para entrar no mundo adulto e isso significa que deverá, de agora em diante, dirigir a sua vida, falar em seu próprio nome e fazer escolhas sexuais. É a famosa crise da adolescência, fonte de conflito e sofrimento tanto para os pais quanto para o próprio adolescente.
De onde vem a crise da adolescência?
A entrada na adolescência é um momento de separação: é a renúncia à segurança da infância e seu ambiente protetor. A criança não pode mais recuar diante da incontestável evidência da maturação sexual. Ter uma profissão, trabalhar, ter sucesso. É preciso crescer e tornar-se adulto, mas o desejo de ir em frente e o medo do desconhecido se misturam. Essa contradição entre o desejo de se afastar da família, de se tornar independente e autônomo, e o desejo de ficar sob sua proteção gera conflito e angústia e é difícil de ser vivida pelo adolescente. Suas atitudes tornam essa contradição clara: ora brinca ou esperneia como uma criança, ora reivindica o direito de dirigir. Esse medo é à base da crise da adolescência.
O desejo de se afirmar faz o jovem reivindicar sua liberdade, mas se os pais o deixam ele fazer tudo sem colocar limites, queixa-se de que não o levam em consideração e que não se interessam pelo que lhe acontece.
Para nós, pais, o momento não é menos difícil e compreender a razão das mudanças de nosso filho não nos ajuda a resolver a situação, mas pode aliviar o sofrimento. O jovem pede liberdade, mas ao mesmo tempo deseja que os pais imponham limites, por mais paradoxal que isso possa parecer. Ele se queixa dos limites, mas a severidade lhe dá segurança e, principalmente, permite a contestação, a revolta e a auto-afirmação. Nessa idade, nada é pior do que pais bonzinhos, complacentes e permissivos que não se possa contrariar nem atacar!
Você deve estar se perguntando: "Mas então nós temos que ser um escudo para os seus conflitos?". Eu lhe digo que sim. Mais do que um escudo, um porto seguro. Façam o que acham certo, cobrem o que acham que devam cobrar, sustentem suas palavras e agüentem as pancadas. O que importa é que ele esteja seguro do amor de vocês e que vocês não tenham medo de perder o seu amor. Não se preocupem, também, em reduzir a distância que se abriu entre vocês. Nós, pais, sempre achamos que nós é que não conseguimos nos aproximar, quando são eles mesmos que colocam essa distância. Nesse momento, o jovem está tentado construir a sua própria intimidade e tem horror a trocas demasiadamente pessoais. Ele não passa horas trancado no quarto sem dar sinal de vida? Chega da rua e vai direto para o quarto como se não houvesse ninguém em casa? Isso nos irrita e, principalmente, nos angustia porque nos põe em contato com a nossa impotência. Nos faz pensar que somos incapazes de nos aproximar de nosso filho adolescente. Entenda que o que ele quer dizer é isso: "Compreendam-me sem entender, não façam perguntas, mas respondam-me todas que eu fizer e não me peçam nada".
Outra angústia que muitos adolescentes conhecem é freqüentemente responsável pelo desinteresse súbito pelos estudos. Para se afirmar é necessário ir contra alguma coisa. O adolescente tenta romper com o passado, particularmente com os valores nos quais acreditou até então, os valores de sua família e de seu meio social – a inteligência, os estudos e o sucesso passam a ser negados. Nós nos surpreendemos porque não percebemos que é o nosso desejo que está sendo frustrado: nosso filho está tentando sonhar com outra coisa. Assim, nessa idade, o fracasso escolar pode ser tomado como uma atitude de oposição e de revolta, como qualquer outra do adolescente.
O que fazer então?
Infelizmente, não há receitas nem fórmulas mágicas como nós gostaríamos que houvesse. Lições de moral e conselhos não são necessários porque ele já os conhece. Sustentar as regras e os limites é importante e tentar dialogar o máximo possível. Quanto aos estudos, é importante garantir que ele produza pelo menos o mínimo para não perder o ano, sem fazer disso um campo de batalha.
Talvez a idéia de por alguém para estudar com ele diariamente pode funcionar, principalmente se for uma pessoa sensível aos problemas próprios da adolescência e que possa estabelecer com ele uma relação que não o ameace.

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